A segunda maior lagoa de água doce do Espírito Santo, separada do mar por uma estreita restinga repleta de belas falésias está sofrendo graves danos ambientais provocadas pela Samarco, subsidiária da Vale que destruiu o rio Doce desde a sua nascente até a foz, com o rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG), onde a empresa extrai minério de ferro.
Localizada em Anchieta, a lagoa tem o nome de “Mãe-Bá” é em homenagem à chefe da Tribo Negros-Galinhas (que habitavam a região). Esta índia, de nome Bá, era considerada mãe de todos. Em Tupi-Guarani, Mãe (essé) é igual a “olhar”, então Bá era “a que olhava por todos”.
Mae-bá recebe milhões de litros d’água vindos de Minas Gerais através das tubulações do transporte de minério de ferro, o qual, após ser separado na Mineradora Samarco, tem a água residual despejada na lagoa.
O ambientalista Weber Almeida, o Passarinho, morador do distrito de Ubú, onde fica a sede da Samarco, foi ouvido na Comissão de Representação da Assembleia Legislativa (Ales), a convite do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD).
A comissão foi formada para acompanhar e cobrar soluções para o crime ambiental cometido pela Samarco em Minas e que tem atingido o Espírito Santo. O ambientalista apresentou um vídeo, onde mostra a Samarco desviando a lama que deveria ser tratada para a lagoa Maimbá, inclusive com o produto que ela joga na água da lagoa para “maquiar” a lama.
Ainda de acordo com Passarinho, a lagoa está estéril, ou seja, não tem mais nenhum peixe. “Aqui era um santuário dos tucunarés, mas eles não existem mais. Nem mesmo as tilápias aguentaram viver na água poluída”, descreve.
Passarinho afirma ainda que a Samarco não admite que a Cesan faça captação da água para tratamento na lagoa e que, sempre que é interpelada pela comunidade em relação ao problema da poluição, ela diz que a culpa é da Cesan.
A Samarco também seria a responsável por todas as análises da água feitas no local, mas nunca revela os resultados para a comunidade. Passarinho mostrou também enorme quantidade de minério de ferro retirado por ele da lagoa com um balde, a três metros da margem.
Ele enfia um balde na água e o retira cheio de minério de ferro. “A gente denunciou a prefeitura e ela nada, nem mesmo o Iema (Instituto Estadual do Meio Ambiente) vai lá para fiscalizar”, afirma.
VISITA
O presidente da comissão, deputado Josias Da Vitória, disse que vai fazer um convite oficial, por meio da comissão, às autoridades estaduais e federais, como o Iema e outros órgãos, para uma visita in loco à mineradora, em Ubú.
Ao final da sessão, no entanto, ficou definido, a pedido do deputado Enivaldo dos Anjos, que a Cesan e o Iema serão convidados a comparecer à Ales, na próxima terça-feira, dia 1º de novembro, para prestar esclarecimentos sobre a situação do tratamento da água em Anchieta e sobre as denúncias feitas pelo ambientalista Passarinho, quanto aos rejeitos atirados na lagoa Maimbá pela Samarco.
Ficou decidido também que será marcada a data de uma audiência em Anchieta, quando a comissão irá ouvir a comunidade daquele município e também fazer uma visita à unidade da Samarco, para averiguar a situação da mesma.