Símbolo do desperdício do dinheiro público, uma ponte inacabada no distrito histórico de Itapina, em Colatina no noroeste do Espírito Santo nunca foi usada e prejudicou a expansão de seis cidades do noroeste do Espírito Santo.
O gigantesco esqueleto de cimento e aço avança sobre o majestoso Rio Doce e ‘leva nada a lugar algum’, comenta o eletricista Roberto Guimarães Morati, 58 anos, o Beto.
Nascido e criado em Itapina, Beto Morati cresceu convivendo com as histórias da ponte-fantasma sem qualquer documento no arquivo de obras da União, conforme pesquisou interessado na memória local.
“Hoje a ponte está condenada. Apenas uma lembrança amarga do isolamento que Itapina sofreu depois que a obra foi abandonada em razão de erros de alinhamento na estrutura.
Contam que a construtora foi embora e o material de construção pilhado. Várias casas de Itapina foram construídas com a ferragem que sobrou dela”, disse Beto. Para ele, a ponte é um ponto turístico da cidade com mais de 100 casarões no estilo colonial brasileiro e art décor.
“Na época de ouro da riqueza do café e da madeira, Itapina era conhecida como a Pérola do Rio Doce”, destacou. Uma pesquisa escolar feita sobre o Centro Histórico de Itapina tombado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC), a ponte abandonada começou a ser construída na presidência de Juscelino Kubstischek.
Ligaria o distrito da ao asfalto encurtando o caminho até Colatina em menos de 20 minutos. “Pesou mesmo foi o jogo político. Em Itapina havia um comércio avançado. Contava com uma rica sociedade. Tinha cinema, posto de combustível, lojas finas até de Ford 29, Ameaçava Colatina como sede do município e o traçado da estrada foi mudado da noite para dia.
Aí veio a decadência”, recordou Beto. Ele destaca que o abandono da ponte devido à mudança repentina de planos do governo federal prejudicou a expansão dos municípios de Baixo Guandu, Pancas, Itarana, Itaguaçu, Afonso Cláudio e Santa Maria do Jetibá.
O secretário de Trânsito e Transporte de Colatina Renan Bragatto confirma que a ponte de Itapina está mesmo com a infra-estrutura condenada devido a graves rachaduras na base. “Não tem recuperação’, resumiu Bragatto.
Fonte: Nilo Tardin