A explicação para os tremores de terra que aconteceram três vezes em dois meses no Noroeste do Espírito Santo pode estar relacionada, entre outros motivos, à movimentação de placas tectônicas da crosta terrestre.
É isso o que explica Luiza Bricalli, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que desenvolve pesquisas sobre a ocorrência desse tipo de fenômeno.
Com magnitude de 1.4, o último tremor de terra registrado no Noroeste do estado aconteceu às 20h14 do dia 13 de julho na comunidade de Laginha, em Pancas. Ele foi registrado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP).
Um tremor de magnitude 1.7 já havia atingido a cidade de Pancas no dia 26 de maio. Antes disso, em 12 de maio, um outro evento, de magnitude 1.3 havia ocorrido em Águia Branca, cidade vizinha.
Placas tectônicas
As placas tectônicas são enormes blocos que fazem parte da camada sólida externa do planeta Terra, a crosta terrestre e são elas que sustentam os continentes e os oceanos.
Mas, para além da possível movimentação das placas, a doutora em Geologia explicou que os abalos sísmicos também podem estar ligados a outros fatores, como a compressão da placa Sul-Americana onde o Brasil está inserido, devido à própria movimentação das placas tectônicas; a movimentação das falhas transcorrentes da dorsal Meso-Atlântica, que é em um conjunto de montanhas que ficam abaixo do nível do mar; e a movimentação de falhas geológicas locais.
Segundo Luiza Bricalli, na cidade de Pancas existe uma particularidade geológica importante, que pode contribuir para a ocorrência dos tremores.
Trata-se da presença da faixa de lineamento Colatina. Essa faixa corresponde à feição estrutural mais importante no estado e é caracterizada por um conjunto de lineamentos, que se inicia a Sul de Vitória, passando pela cidade de Colatina e por Pancas, e terminando no Noroeste, no limite com Minas Gerais.
Além disso, ela ressalta que “é importante mencionar a existências de falhas neotectônicas no estado, que podem ser ativas e causar acúmulo de estresses e liberação na forma de evento sísmico. Muitas orientações dessas falhas guardam forte associação com a estruturação da faixa Colatina”.
No Espírito Santo, já ocorreram mais de 40 tremores de terra, que foram registrados e catalogados pelo Laboratório de Neotectônica e Sismológico (Lanesi) da Ufes. Esses terremotos ocorreram entre os anos de 1767 e 2021, sendo que, de julho de 2020 até o momento, ocorreram sete tremores.
A professora informa ainda que, no dia 14 de julho, um dia após o último tremor registrado em Pancas, mais três pequenos eventos sísmicos ocorreram no estado.
Fonte: g1-es