
Quem pensa que o mar de lama que está vindo à tona em Barra de São Francisco, com as denúncias do Ministério Público (MPES) se refere apenas à exploração dos produtores rurais com a cobrança extra dos serviços de terraplanagem e outros feitos pelas empresas de Moisés Martins e pagos pela prefeitura municipal, está enganado.
O MPES que está tentando salvar Barra de São Francisco da corrupção, apurou, com auxílio do vereador Valézio Armani, que as manobras de Moisés e do prefeito Luciano Pereira para amealhar dinheiro público de forma desonesta teve a participação de várias outras empresas, como a BR Construtora e Serviços, Pirâmide Construtora e Brasiligth Construtora.
Todas se envolveram, em algum momento, com as empresas de Moisés Martins, embora nem todas possam ser acusadas de saber do “esquema” montado pelo empresário junto com o prefeito Luciano Pereira.
A empresa BR Construtora e Serviços Ltda, foi denunciada pelo vereador Valézio Armani ao MPES por ter se utilizado de servidores e máquinas da Prefeitura de Barra de São Francisco, para lhe fornecer a areia utilizada na reforma do Estádio Municipal, obra para a qual a BR Construtora foi contratada.
“É evidente que as máquinas e servidores do município não poderia estar a serviço de uma empresa que foi contratada e recebe para fazer as obras no Estádio Municipal Joaquim Alves de Sousa”, ressaltam os promotores.
A BR Construtora, como o MPES apurou, vendeu uma retroescavadeira para a empresa Martins Construtora e Terraplanagem, pelo valor de R$ 170 mil, com promessa de pagamento através de dois cheques do Bradesco, sendo um no valor de R$ 100 mil à vista e outro do no valor de R$ 70 mil para vencimento no dia 1º de janeiro do ano passado, conforme contrato de compra e venda.
A Martins Construtora e a Terramar Terraplanagem são as duas empresas de Moisés (uma está no nome da mãe dele) que foram usadas para prestar os serviços particulares aos produtores rurais.
Além de pagar os primeiros R$ 100 mi à vista, Moisés Martins pagou os outros R$ 70 mil, de acordo com a BR Construtora, com serviços na reforma do estádio municipal. Ou seja, a BR construtora “terceirizou” o serviço dela para a empresa de Moisés, com o fito de receber parte do valor da máquina, que foi adquirida tão somente para “habilitar” a empresa de Moisés aos contratos questionados pelo MPES.
MAIS MARACUTAIA
Ainda de acordo com o MPES “se mostra evidente” que as empresas Terramar Locações e Martins Construtora não possuíam as máquinas para prestar os serviços objetos dos contratos feitos com as secretarias de Agricultura e de Interior e Transporte, para realização de serviços de terraplanagem.
Foi apresentado por Moisés Martins, apenas para comprovar o acervo de máquinas junto ao município contratante um contrato de aluguel de três retroescavadeiras, tendo as duas empresas de Moisés, Martins Construtora e Terramar, como contratante e contratada, respectivamente, no valor de R$ 50,00 por/hora, com vigência de dezembro de 2014 a dezembro de 2015.
“Este contrato é ideologicamente falso, pois uma empresa se confunde com a outra, não havendo, na verdade, nenhuma transação comercial em ter elas”, afirmam os promotores. A relação “obscura” entre as empresas Martins Construtora, pertencente a Moisés, a Pirâmide Construtora e o prefeito Luciano Pereira fica comprovada com a fala do empresário vinícius Pires da Silva Alázio, que seria o verdadeiro dono da Pirâmide Construtora, empresa que tem como sócia a mãe de Vinícius, dona Rozalina Pires da Silva Novaes.
“O depoente (Vinícius) é procurador de sua genitora Rozalina Pires da Silva Novaes, sócia da empresa Pirâmide Construtora e disse que conheceu Moisés em Barra de São Francisco, tendo sido procurado por ele para alugar uma retroescavadeira, porque precisava da “máquina” para participar de uma licitação municipal. Moisés apresentou ao MPES o contrato de aluguel de máquinas (uma retroescavadeira), tendo como contratante a sua empresa, Martins Construtora e como contratada a Pirâmide Construtora.
“Entretanto o contrato de locação entre as empresas foi apenas de ‘fachada’, ou como diz o ditado, ‘para inglês ver’, conforme relatado pelo procurador da empresa Pirâmide, que disse ter firmado o contrato de locação de uma retroescavadeira com a empresa de Moisés, mas na verdade não chegou a ceder a máquina e não houve qualquer tipo de pagamento de Moisés pois ele alegou que não precisou da máquina para trabalhar”.
Por: Weber Andrade