Enivaldo dos Anjos rejeita interferência e deixa CPI da Sonegação

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Enivaldo dos Anjos
Enivaldo dos Anjos

Denunciando influências externas sobre os membros da CPI da Sonegação, o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) deixou nesta terça-feira (22/09/2015) a Comissão, da qual era presidente. A presidência foi assumida pelo deputado Marcos Mansur (PSDB).

Enivaldo abandou a comissão antes de terminar a sessão, depois que colocou em deliberação a convocação do presidente da Vale, Murilo Ferreira, para depor e os demais deputados preferiram adiar a convocação.

Durante a sessão ordinária da Assembleia, à tarde, Enivaldo dos Anjos disse que o presidente da Vale desmoralizou a CPI da Sonegação de Tributos e condenou o comportamento da Assembleia: “Quando é atacada, abaixa a cabeça; quando ataca, aparecem centenas de pessoas querem interferir e impedir que a Casa até se defenda ou se manifeste contra aqueles que a atingem como Parlamento”.

De acordo com o deputado, “há movimentação grande para impedir os trabalhos da Comissão Especial do Ministério Público”, também presidida por ele e que nesta quarta-feira (23) faz sua primeira reunião deliberativa.

Enivaldo criticou, duramente, o relator da CPI da Sonegação, Cacau Lorenzoni (PP): “Hoje pela manhã assistimos o deputado relator atravessar uma petição pedindo para não ouvir o presidente da Vale de uma hora para outra. Nnca vimos isso quando é um joão mané, mas a Vale não pode trazer a essa Casa o seu presidente”.

E prosseguiu: “Uma empresa que sonega impostos e mata centenas de capixabas com a poluição, mas hoje conseguiu um lobby espetacular e a suspensão do requerimento para ouvir o presidente da Vale. Qual o mérito da Vale no Espírito Santo? Matar crianças, mulheres e idosos e sujar as casas dos capixabas”.

Enivaldo relembrou o que chamou de “duras batalhas” que enfrentou nos últimos meses “para defender a Casa” e se disse triste: “Quando vemos uma companhia sonegadora de impostos contar com proteção dos Poderes Executivo e Legislativo para não ter aqui seu Presidente, isso me entristece. Isso faz que as pessoas comuns se decepcionem cada vez mais”.

E voltou ao adiamento da convocação de Murilo Ferreira: “Não vou comentar o que ocorreu nos bastidores, porque vai ficar minha palavra contra a palavra do deputado, mas ele sabe que saiu da CPI aflito para atender um telefonema e depois voltou dizendo que tinha uma coisa para me falar que eu não ia gostar. Eu já sabia que era isso. Todas as vezes que os diretores vêm aqui eles mentem na comissão e não dão informação. Trazê-los aqui foi ideia de todos, aprovamos isso, em represália ao fato de que seus diretores vêm aqui e mentem”.

Para Enivaldo dos Anjos, a Assembleia saiu desmoralizada no episódio: “Não se entende isso. Esse adiamento soou como desmoralização à Assembleia, porque o presidente da Vale fala em todos os cantos que não vem aqui. Quando veio aqui, ele saiu dizendo que não voltaria e que tiraria a Vale daqui. Pena que não cumpriu, porque eles sonegam impostos e trabalham sem tecnologia, jogando pó de minério na cara dos capixabas”. Referindo-se ao deputado Marcos Mansur, novo presidente da Comissão, Enivaldo desafiou: “Agora desafio vocês trazerem o presidente da Vale ou da Samarco. Nem requerer para eles virem vocês vão requerer”.

E disse que o Espírito Santo joga tudo de errado para debaixo do tapete: “Se formos medir o tapete que usa o Espírito Santo para esconder as coisas, ele é maior do que o território capixaba. Tudo aqui tem a proteção de autoridades para que não seja apurado. Foi preciso a Lava Jato para descobrir que a Segunda Ponte de Colatina e a Terceira Ponte de Vitória tiveram corrupção. Porque o ES não sabe disso. Aqui é o Estado em que a mentira é exaltada como verdade”.

Em diversas intervenções, Enivaldo voltou ao assunto e, em uma delas, fez uma dura comparação: “Todos os poderes estão dominados. Esse Poder aqui é a Geni”, disse Enivaldo, remetendo à música “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque de Holanda.

 

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