Na quarta-feira (1º/07/2015), o diretor de Pelotização da Vale, Armando Maurício Max, foi ouvido pelos deputados da Comissão Especial das Demissões da Vale. Max atribuiu as demissões da mineradora à crise brasileira e mundial. Mas ponderou que, apesar dos prejuízos, a Vale não está demitindo mais funcionários do que o “normal”.
As justificativas do representante da Vale para as demissões, porém, não convenceram o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), que não poupou críticas à mineradora. Ele afirmou que a Vale pinta esse cenário de crise para constranger os sindicatos, diminuindo a margem de negociações dos trabalhadores. “O que parece é que a Vale visa apenas o lucro e, quando não está bem, demite os funcionários”, protestou Enivaldo.
A diretoria do Sindicato dos Ferroviários (Sinfer) também afirma que a crise não justifica as demissões, que não têm nada de “normal”. Segundo a diretoria do sindicato, as demissões deste ano já superam as de 2009, quando houve uma grande crise no mercado internacional, que afetou o preço do minério.
Em 2009, no auge da crise, a Vale demitiu 410 trabalhadores, contra 414 que foram dispensados nos cinco primeiros meses de 2015. Se as demissões continuarem nesse ritmo, o sindicato estima que cerca de mil trabalhadores diretos da empresa percam seus empregos até o fim deste ano. Em 2014, a empresa demitiu 344 trabalhadores.
Para o Sindfer, a empresa deveria adotar outras medidas para preservar os postos de trabalho. O sindicato lembra que o preço do minério sempre oscilou, provocando crises sazonais, mas a retrospectiva dos últimos 15 anos aponta que a empresa sempre manteve seus lucros na casa dos bilhões de reais.
Enivaldo também defendeu essa linha. “Outros custos deveriam ser cortados para manter os empregos dos trabalhadores”.
O deputado ponderou que a empresa gera empregos, mas a um custo ambiental muito alto à população da Grande Vitória. Ele acrescentou ainda que mineradora causa muita poluição e, por isso, deveria, em contrapartida, cuidar da saúde da população e dar estabilidade de emprego aos trabalhadores.
O diretor da Vale insistiu nos números para mostrar que a situação da empresa não é boa. Ele destacou que o preço do minério teve grande queda – 67%, desde 2011. Max ainda se queixou da concorrência internacional e das dificuldades que a empresa enfrenta para obter licenciamento ambiental para projetos de grande porte.
Apesar da choradeira do representante da Vale, dados da diretoria do Sindicato dos Ferroviários (Sindfer) mostram que a empresa vem acumulando lucros bilionários nos últimos 15 anos. De 2000 para cá, a mineradora só não registrou lucro na casa do bilhão em 2014: R$ 954 milhões. Em compensação, em 2011 registrou seu maior lucro: R$ 37,8 bilhões. No ano anterior (2010) alcançou R$ 30 bilhões e em 2012, R$ 22 bilhões.
A sólida saúde financeira da empresa, que fica evidente no seu retrospecto positivo, é ainda mais promissora em relações aos seus investimentos atuais. No segundo semestre de 2016 a Vale deve começar a operar, em Canaã dos Carajás, no Pará, aquele que será o maior investimento da história da companhia, fundada em 1942.
Com investimentos previstos de US$ 17 bilhões, a S11D deve produzir, inicialmente, 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano a partir do segundo semestre de 2016.