“Barão dos táxis” nega apelido e diz que apenas “administra” os veículos

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90O taxista Valdir Jorge Souza, que detém 11 procurações de permissionários para gerenciar táxis em seu nome foi ouvido na manhã desta segunda-feira, 25 d3 abril, na CPI da Máfia dos Guinchos e negou que seja ele o “barão dos táxis”, apelido que lhe foi conferido pela imprensa e por taxistas de Vitória, que afirmam que ele gerenciam mais de 40 táxis do município. Interpelado pelo presidente da comissão, Enivaldo dos Anjos (PSD), Souza disse que apenas administra os táxis, resolvendo pendências junto ao Detran, à prefeitura e outros órgãos públicos, como uma espécie de despachante.

Ele afirmou ainda que é responsável por levar os carros para a oficina e gerenciar os motoristas de cada carro. Souza negou o apelido de “barão do táxi” e disse que recebe cerca de R$ 250 mensais por carro. O presidente da CPI informou que vai pedir a quebra do sigilo bancário do taxista para verificar as movimentações financeiras referentes à administração dos táxis.

Já a deputada Janete de Sá o acusou de estar sublocando placas, o que é proibido pela legislação. Dos Anjos também confrontá-lo com a equipe de reportagem de A Gazeta, à qual ele teria concedido entrevista em 2012 falando da sua atividade como administrador de dezenas de placas de táxi na Capital. Ele desmentiu a reportagem, afirmando que nunca concedeu entrevista a jornal nenhum.

“É a minha palavra contra a deles”, desafiou. O taxista disse ainda que todas as suas procurações têm cópias em poder da prefeitura, mas disse que está pensando em não renová-las devido às denúncias eu estão sendo feitas contra ele.

“Não sei se vou continuar com esse trabalho”, disse, depois que Enivaldo dos Anjos perguntou se ele conhecia a gerente de Fiscalização da Prefeitura de Vitória, Adriana Sossai, que coordenadora a fiscalização do serviço de táxis de Vitória. Sossai depôs recentemente na CPI e disse que uma sindicância apontou dez procurações de posse de Valdir Jorge Souza, o que foi corrigido com a exigência de renovação. Mas, segundo ela, a legislação é omissa sobre o assunto.

De qualquer maneira, os deputados optaram esclarecer a situação por meio da convocação de Souza.

TESTE DE IDIOMAS

Enivaldo dos Anjos também solicitou aos colegas da CPI, que sejam convocados os membros da comissão responsável pela última licitação de táxis em Vitória. Para a reunião do dia 9 de maio, a comissão irá convocar os dez primeiros colocados na licitação para aferir se eles realmente têm conhecimento de outros idiomas (um dos quesitos do edital).

O taxista Valdir Jorge disse que examinou o edital e percebeu que foram feitas algumas exigências no edital que foi lançado para a concessão de 108 novas placas de táxi para o município. Ele afirma que foram feitos dois editais e eu, o segundo, aumentou a pontuação para quem tivesse certificados de cursos de idiomas.

“Tem uma pessoa que foi agraciada com uma placa, que tinha ficado na posição 168 da licitação, mas depois que apresentou os certificados pulou para a primeira colocação. Eu queria saber onde ela conseguiu fazer um curso de francês em apenas dois meses. Sou louco para aprender a falar francês”, ironizou o deputado.

Já no encontro de 16 de maio, os deputados devem ouvir os 11 permissionários que deram procuração para o taxista Valdir Jorge Souza administrar os táxis e, também, a subsecretária Adriana Sossai, que não pode comparecer à reunião desta segunda-feira (25).

ASSOCIAÇÃO

O primeiro a falar na oitiva de hoje da CPI foi o presidente da Associação dos Permissionários Taxistas do Aeroporto de Vitória (APTA), Aloizio Serpa de Azevedo. Ele foi questionado pelos parlamentares sobre a função da associação, sobre os valores cobrados aos associados e sobre os serviços prestados. O principal ponto debatido foi a questão da tabela especial de preços utilizada pelos taxistas do aeroporto.

Azevedo informou que todos os passageiros têm o direito de optar por utilizar a tabela ou o taxímetro nas corridas. Ele disse ainda que há, por exigência do Ministério Público Estadual, uma placa bilíngue explicando que o passageiro tem a opção de usar o taxímetro.

O presidente da CPI, deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), afirmou que nunca viu isso acontecer no aeroporto. “A gente chega, a funcionária pergunta para onde você quer ir e anota o preço num papel”, disse. Enivaldo dos Anjos afirmou ainda que já viu as funcionárias da associação encaminhando passageiros de acordo com a distância e o preço das corridas.

“Aquilo é uma máfia”, acusou o parlamentar. O deputado solicitará ao aeroporto vídeos que mostram o próprio presidente da associação encaminhando passageiros sem seguir a fila dos táxis, inclusive para o seu próprio carro.

“Vou me oferecer para depor no MP porque eu sou testemunha de que isso acontece no aeroporto”, afirmou o parlamentar. Azevedo explicou também sobre as funções da associação, que agrega 75 permissionários taxistas.

“O objetivo da associação é recepcionar os passageiros, encaminhá-los ao táxi e informar que o passageiro tem direito de usar o taxímetro ou a tabela. No final do mês, nós pagamos nossos funcionários, encargos sociais, aluguel. É como se fosse um condomínio, nós temos despesas e temos que fazer um rateio por igual”.

Ele também explicou sobre o que acontece se o taxista não quiser se associar. Segundo Azevedo, o taxista não pode estacionar, porque é a associação que paga o aluguel para a Infraero.

“Pode rodar, mas não pode parar. Ele vai trabalhar no ponto, mas não vai poder usar o nosso estacionamento nem as funcionárias O terreno é da Infraero. Ela só faz o contrato com pessoa jurídica, por isso tivemos que criar a associação”, explicou. Janete de Sá comentou: “Existe uma denúncia no MP que vocês coagem quem não paga e quem não é associado”.

Azevedo disse que desconhece a denúncia. “Então o senhor vai lá e procura porque o senhor é presidente da associação e tem uma ação contra vocês”, informou a deputada.

Central Park

As últimas a serem chamadas para depor foram as sócias-proprietárias dos pátios Central Park, de Vila Velha e Cariacica: Angela Sant’Ana de Oliveira e Auxiliadora Tibério Gomes. Mas quem falou em nome delas foi o filho de Auxiliadora, Dionizio Gomes Filho, que é quem, de fato, administra os negócios. Ele prestou esclarecimentos sobre o descredenciamento dos pátios.

Segundo ele, em dezembro, o credenciamento de todos os pátios da Grande Vitória venceu, mas o Detran solicitou que eles mantivessem o funcionamento por mais quatro meses. Neste mês de abril, os pátios da Central Park de Cariacica e Vila Velha foram fechados, mas o Detran ainda não os esvaziou.

“Hoje a pessoa tem que ir ao Detran fazer a liberação e a gente libera o veículo de 10h as 12h e de 14h as 18h de segunda a sexta. Mas a partir da quarta-feira da semana que vem não terei mais nenhum funcionário. Eles estão cumprindo aviso. A gente vai entrar com ação de cobrança de aluguel. O Detran teve quatro meses e não tirou os carros”, informou Dionizio Gomes.

Os outros dois convocados – Josivaldo Barreto de Andrade, ex-secretário de transportes da capital e Adriana Barcelos Sossai Zaganelli, subsecretária de transportes de Vitória – não compareceram à reunião da CPI.

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